segunda-feira, 4 de março de 2013

O silêncio barulhento

Escutar o silêncio se calar parecia meio contraditório para ela. Descobriu que não. Estava mais do que acostumada a escutar o barulho mesmo com o silêncio: as vozes gritavam algo que, para muitos, poderia ser inaudível, mas para ela era um grito; grito esse que machucava, que dilacerava. A maior dor que poderia sentir era quando tudo a sua volta não fazia barulho, porque seus pensamentos tinham espaço para ecoar. Procurava, de todas as formas, ocupar seu dia com coisas que não possuíam o menor sentido, a fim de que sua mente não se manifestasse.
Quando tudo à sua volta era um grande vazio, aquela flecha a atingia em cheio no peito. O escuro, então, era o seu pior inimigo. Aprendera a respeitá-lo, porém com muito temor. Temia todos os dias ficar sozinha com seus devaneios e, quando a noite chegava, encolhia-se na cama: já os esperava, aflita.
Um dia, outra voz invadiu seu coração em meio àquele barulho ensurdecedor - que, mesmo assim, era o único silêncio que ela conhecia. Parou para escutá-lo atentamente. E, de repente, tudo se calou. Só aquele som suave permanecia, só aquela voz falava e a enchia de silêncio, de paz. Escutou, aos poucos, a voz ir calando tudo dentro dela. Seus olhos se acostumaram à escuridão e ela parecia enxergar ali.
Todos os dias cultivava essa voz e a ouvia com atenção. E aquilo que conhecia como silêncio se calou. Sentiu-se invadida pela grandiosidade da quietude. Ela, que estava tão acostumada a chorar, começou a sorrir.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sem lógica


Nada me inspira.
O dia começou com uma brisa boa, calor agradável e, depois, chuva. Percorri todos os climas para encontrá-la [a inspiração]. Não a encontrei. O papel em que escrevo agora parece tão vazio que quase dá tristeza. Mas não: uma alegria fenomenal se instalou dentro de mim. E sinto falta de contá-la para o mundo.
Sensação gostosa esta de viver... Confundo-me entre escrever para viver e viver para escrever, porém acho que um pouquinho dos dois não me faz mal.
E vivo neste exato momento. Sorrio pelo simples prazer de sorrir - porque o que vale é a veracidade dele. Em pensamento, passo por cada detalhe da minha alegria. Mesmo assim, não os acho - esses detalhes não têm a menor explicação. Não me dói a falta de entendimento.
O que dói, afinal? Muita coisa ainda, mas a felicidade me blinda; encontrei o meu escudo. Não é uma fuga da dor, apenas um espaço para o sorriso - sem nenhuma lógica.
As minhas mãos escrevem sem que eu possa acompanhá-las. Aquela velha sensação de ser dominada pelas emoções e colocar o coração para escrever... Então me pego olhando para o texto, sem saber o que, de fato, saiu das minhas mãos. Irei reler, porém tenho a mais exata noção de que felicidade nenhuma pode se comparar à de tê-lo escrito.

domingo, 30 de dezembro de 2012

As surpresas mais lindas



Ou “O fim e o início” ou “Acerto de contas” ou “Quem é vivo sempre aparece” ou “Oscilações” ou “Permanecer no Amor” ou “Um pouco de racionalidade” ou “Poemas” ou “Dar uma pausa ao coração”. Não necessariamente nessa ordem.

São 5 (cinco) páginas no Word. Eu entendo quem não quiser ler tudo. Essa postagem não contém nomes, quem quiser uma dica de CTRL+F para se achar aqui, é só me pedir.

O ano começou já me trazendo uma das minhas mais belas surpresas: uma prima-irmã que eu não conhecia e que, em pouco tempo, tornou-se tudo na minha vida. (Aliás, Hellen, o seu nome é o único que citarei aqui. E eu estou morrendo de saudades.)
Eu nunca sei por onde começar a falar de 2012. Então, começarei pelo fim. Um fim que se deu logo no início. O fim de uma história linda, o fim daquelas promessas de casamento, o fim de um ano e sete meses. O ano começou com um “mas eu acho que acabou”, com lágrimas no travesseiro e com a sensação de que aquele tempo tinha sido muito pouco para o planejado. Eu senti um vazio que me tirou do chão por algum tempo; vazio esse que eu nunca havia sentido igual. Sentia-me oca. Daquele jeito bem meu de ser, eu achei que não iria amar nunca mais. E aí entra uma das frases que mais me marcaram esse ano: “Você parece que tem quarenta anos; fala como se já tivesse se casado e se divorciado.” (obrigada, pessoa que me disse isso, acho que você sabe que é você.)
Eu passei um tempo me questionando, perguntando o porquê de tudo. Depois parei de perguntar. Decidi apenas aceitar tudo aquilo e me conformar que ganhei uma ex-sogra/segunda mãe excelente e uma parte da família que me era desconhecida mais excelente ainda. E eu não poderia querer nada mais do que essas surpresas que Deus me reservou.

O título principal dessa retrospectiva é “As surpresas mais lindas” e não é à toa. Ô ano para me fazer conhecer gente linda. Depois do meu começo um pouco triste, a felicidade veio, a tristeza veio também e depois a felicidade e depois a tristeza. Uma oscilação de humor louca! As emoções transbordando... Tiveram momentos em que a carga emocional ficou pesadíssima e eu cansei. Enchi o saco de uns, parei de falar com outros e incluí no meu vocabulário mais palavrões do que antes. Não, eu não me orgulho disso.

Após o término, o passado resolveu retornar. Um para ser resolvido, o outro para apenas me lembrar que ainda existia. E, ainda, outros dois para me fazer lembrar que nunca tinham sido passado, estiveram sempre no presente. Foi assim que, regada a muita pizza de frango com catupiry, nós três voltamos. Estamos grudadinhas de novo. E, na verdade, nunca tínhamos desgrudado. Demos apenas uma pausa... Fim da pausa: quero-as para sempre.

Ao outro passado resolvido eu volto depois. Ou não. Depende do meu humor.

E ainda outro que retornou diretamente da segunda série para a minha vida foi um certo tocador de guitarras aí. Uma fofura só com os meus textos... (Como posso te agradecer por todos os elogios de graça?). A gente quase se viu no show do Maroon 5... Mentira, não foi quase, mas vou fingir que foi. Eu agradeço pela boa vontade dele em tocar Visconde para mim. Eu sei que um dia isso sai.

Agora posso começar com as minhas surpresas ainda não conhecidas. Pessoas que chegaram somente para fazer meu ano de vestibular ficar menos barra pesada; pessoas que mudaram a minha visão de mundo, que me mudaram como pessoa e como escritora; pessoas que, com certeza, eu vou levar por muito tempo e não apenas esse ano.

Ah, antes... Eu conheci pessoalmente uma surpresa esse ano também, mas eu já a conhecia e tive o prazer de tê-la em minha casa. Sempre apreciei as amizades virtuais e todo mundo sabe disso; cultivei a nossa amizade por seis anos e nunca conseguimos nos ver. Até aquele dia. No meio do nada, ela me liga: “Aninha, eu estou por aqui, posso passar aí hoje?”. E aí ela veio, e ficou... E nós tivemos aquelas milhares de conversas que tínhamos por entre fios e cabos pessoalmente. Eu a vi sorrir! Gargalhei junto a ela e isso não tem preço. Tudo que a nossa amizade enfrentou e a conquista que esse encontro significou para nós só demonstra que ainda temos muito o que viver juntas; que essa amizade por MSN, Orkut, Facebook e SMS também é real. Nós somos reais. Eu a amo; e ela foi mais verdadeira todos esses anos por computador do que muita gente foi por aí em três dimensões.

Então, as minhas surpresas. Primeiramente, o “viadinho do olho verde que toca piano” (só porque você me disse que se identificaria se eu colocasse isso), mas, na verdade, o melhor seria dizer que é o dono dos olhos verdes mais lindos que eu já vi. E não digo isso apenas pela minha fixação em olhos claros... Ele foi um dos grandes responsáveis pela minha mudança esse ano, pela minha volta aos poemas e pela minha tentativa de saída da zona de conforto. Exímio conhecedor de Drummond e Pessoa, posso chamá-lo facilmente de meu reflexo no espelho. Porque, como sempre digo a ele: diferenças, nós temos muitas, mas o que me chama atenção são as semelhanças, que são imensas. Um dia, ele me disse que gosta de se identificar nos meus detalhes, consequentemente, me identifico nos dele e vice-versa. Foi o indivíduo que me apresentou o Visconde, que deu asas a um dos meus poemas mais bonitos; foi quem me fez ficar viciada em suas músicas e foi quem me deu um dos presentes de aniversário mais lindos que eu já recebi. E não, “Noites em claro” não perdeu seu significado pra mim. Nunca perderá. O que eu posso dizer, por fim, é que escrevi muito esse ano e também por causa dele. E que, além disso tudo, eu tenho uma admiração extrema por ele como escritor. (“No lustre” nunca será superado, sinto muito.)

Como falei dos meus poemas, uma das minhas grandes conquistas esse ano foi a volta aos braços dos versos e estrofes. Eu não achei que fosse conseguir de novo depois de anos, mas um dia surgiu... Aquele tipo de inspiração que eu não poderia deixar passar de forma alguma. E voltar a poetizar foi uma sensação única, incrível, que me faz ter vontade de não parar nunca mais. Porque afinal, eu nunca havia parado. “Um poeta nunca para de poetizar” também me disseram, um dia.

Segunda surpresa, mas também não necessariamente nessa ordem: a pessoa que me deu os abraços mais rápidos e mais significativos nas minhas manhãs de trabalho. E que eu tive a honra de escutar que sou uma de suas melhores amigas. Foi um achado incrível também! Talvez ele seja a pessoa mais aleatória que eu já conheci, mas eu adoro as minhas risadas noturnas com nossos assuntos nada a ver. Eu dei mais sorrisos depois dele.

Bem... Foi em sete de setembro (eu só lembro porque era uma data importante) que conheci mais uma das minhas surpresas. Talvez a mais surpreendente das surpresas. Foi do nada, apenas um “adicionar aos amigos” no facebook, elogios ao blog... Mensagens e mais mensagens pelo celular, telefonemas de madrugada, assuntos sem fim, gargalhadas altas às quatro horas da manhã; a “pizza de pepperoni” que só ele sabe como se diz; a Praia de Copacabana, a foto nas costas dele; a afinidade logo de cara, os conselhos do tipo “Você acha que vai valer a pena contar? Ele vai poder fazer o que por você?”; todos os toques em relação à minha escrita, todos os poemas lidos por telefone, os girassóis, o poema da minha liberdade completamente inspirado em um poema dele; ele dizendo que não ia me abandonar depois de três meses. E ele não me abandonando depois de três meses. Eu me lembro bem dessa promessa. Nós nos afastamos, mas eu sei que aquela ligação entre nós persiste ainda junto com todos os “boa noite, se cuida, durma bem, sonhe com os anjos” e por trás de todos os “coisa linda” que já dissemos um para o outro. Porque ele me ajudou no meu primeiro passo a voltar a cantar e me deu a primeira experiência com violão na praia; porque São Pedro foi muito camarada em abrir o sol para nós naquele dia; porque não me parece estranho gostar tanto do seu All Star vermelho. E também porque eu sei que parecemos velhos amigos e seremos sempre assim. (Preciso te ver!!!!!)

Para honrar o título “Permanecer no Amor”, eis uma das minhas surpresas mais agradáveis esse ano: meu retorno à Igreja. Tudo começou em maio, naquele momento ainda um pouco sem chão, que eu não sabia muito bem o que fazia no Encontro de Jovens “A Nova Onda”. Não me arrependo de ter ido e de tudo que aprendi ali. Foi onde a minha fé se mostrou firme e forte pela primeira vez no ano. E onde também eu conheci uma das pessoas mais importantes na minha caminhada. Eu quis permanecer e não consegui, por outros motivos que hoje percebo serem nada diante do amor que eu tinha e tenho para receber.
Com esse encontro, comecei a fazer parte da Pastoral Jovem da Igreja, porém não ativamente – apenas participava do grupo no facebook. Um dia, fui chamada para o retiro – e que retiro! Encontrei o amor de Deus refletido em todos os cantos: nas paredes, no chão, na grama, nos tetos e, principalmente, nas pessoas. Joguei fora um coração velho e voltei transformada.
Ao voltar, recebi um convite irrecusável para fazer parte do Ministério de Música. Conclusão? Voltei a cantar. Deus me pegou por uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Voltei a cantar! E não poderia estar mais feliz.
Eu conheci pessoas, ao longo da minha curta caminhada, que mudaram a minha perspectiva de mundo, que me mudaram e que me fizeram enxergar um amor que antes eu não era capaz de enxergar. Agradeço a elas de todo o coração, mas em especial a essas (que talvez leiam esse texto ou talvez não):

À minha irmã mais nova, que me ensinou tanto e que acreditou no meu potencial vocal. Àquela que insistiu tanto para eu ir e que me fez ficar. Àquela que eu conheci no Nova Onda e que, desde o primeiro abraço, já se tornou especial. Àquela que tantas vezes me atura perguntando se ficou tudo certo, se fiz tudo direitinho. Àquela que me orienta e que tem uma paciência invejável comigo. Àquela que eu posso dizer que amo – e amo mesmo! –, apesar do pouco tempo de convivência.

À primeira pessoa que me falou da minha voz. A ele, que me ouviu esgoelar na missa e mesmo assim achou a minha voz bonita. A um amigo e psicólogo (ninguém mandou você, um dia, me relevar isso), que me entende exatamente com todas as minhas confusões e ainda me manda as músicas mais lindas do mundo para me acalmar.

Àquele que, de fato, me colocou na banda, que me fez não um convite, mas uma intimação para comparecer. Ao dono da voz mais linda que eu já ouvi. Àquele que tem uma luz que eu muito admiro e que consegue passá-la a todas as pessoas.

Ao meu mais novo irmão, o meu anjo, que me dá os abraços mais calorosos que eu já recebi. Àquele que me deixou abraçá-lo quando eu precisava e quando não precisava também; àquele que fez os elogios mais lindos ao meu sorriso. Ao dono de uma sinceridade ímpar, que passa o sentimento através dos olhos. A ele, que me acolheu de um jeito que eu nunca pensei ser possível.

Ao meu Ministério de Música, por me fazer voltar, por me fazer acreditar em mim e por acreditar em mim; por toda a acolhida, por toda força, por toda a insistência para que eu fosse; pela simpatia, pelos sorrisos e por tudo de bom que me proporcionaram nesse final de ano.

Cabe aqui um agradecimento especial a uma pessoa que não é surpresa. À minha mãe, por sempre rezar por mim e por sempre torcer pela minha fé. A ela, que acreditou em mim e que sempre soube que eu voltaria para a música.

A todas as pessoas da Igreja que fizeram com que tudo valesse à pena.

Ao meu passado resolvido eu volto depois? Não, não voltarei. Ele foi resolvido e permanece passado. Só um breve agradecimento a todo carinho que ele me proporcionou esse ano.

É muito válido falar também da minha aproximação de dois irmãos escolhidos por mim. Não são da minha família, mas moram no meu coração. Nossas saídas juntos, nossas risadas e nossas conversas só mostram que essa amizade sobrevive a todos os anos que se colocam à nossa frente. Eu sou completamente apaixonada por eles e a vida seria sem graça sem todos os erros de Português dela e todas as piadas e ironias dele. Eu os amo.

E para terminar o meu ano, um Natal belíssimo: toda a família reunida, rindo e fazendo bagunça e as presenças ilustríssimas da minha avó e minhas primas. (E também a marmelada de ser tirada pelo meu pai no amigo oculto.)

Agora... Por último, mas não menos importante: meu ano escolar, meu ano de vestibular, meu ano de estudar... Enfim. Tudo isso. Mais perto da colação – ou um pouco depois dela – eu voltarei detalhadamente a essa turma e aos três anos passados. Como aqui cabe uma reflexão desse ano, vamos a ela.

A minha turma não era uma turma. Todos se gostavam individualmente, mas, como turma, não nos encaixávamos muito bem. Ao longo desse ano, vi algo extraordinário acontecer: nos transformamos, nos juntamos. E, hoje, tenho muito orgulho de dizer, somos uma turma.
Conseguimos conciliar os interesses diferentes desse ano, conseguimos nos unir, seja através do Máfia, seja através de qualquer coisa, nós conseguimos! Eu vi crescer uma amizade e um sentimento lindo esse ano, que não quero deixar escapar de forma alguma.
A última semana de aula foi um marco: chorei todos os dias da semana, menos (ironicamente) na sexta, o último dia, pois não tinha caído a ficha de que era realmente o último. Primeiro, o discurso lindo do Alexandre, dizendo que nós nos tornamos parte do sobrenome dele. Discurso esse que passou pela minha mente a semana inteira e sempre me ajudava a chorar. Depois, a última aula com a Gilda, aquela coisa fofa! A Gilda foi um dos nossos presentes esse ano.
E aquela quinta-feira... Ah, aquela quinta-feira! Depois de um dos nossos lanchinhos deliciosos, nos abraçamos, cantamos todas aquelas músicas antigas (e se deu a sacanagem de cantar “Por enquanto”), as músicas de torcida, as nossas músicas e choramos. Muito. Com a despedida da Mari, com a nossa despedida...
Na sexta, a última aula da minha vida: de português. Não poderia ser mais perfeito e mais triste. As palavras da Marta sobre os nossos trabalhos, os nossos trabalhos e a minha felicidade em ter dado uma aula de português no meu último ano de colégio. A nossa última foto... E a nossa comemoração na Lapa. Quanta coisa linda eu ouvi ali!

Eu quero agradecer, de coração, a Tout Le Monde, que fez com que esses últimos três anos no colégio valessem muito; que me divertiu, que me fez rir horrores e que me fez entender que esse sentimento que temos ultrapassa qualquer limite escolar. Agradeço-lhes por serem quem são e por se tornarem tão especiais para mim.

E quero agradecer também às minhas Fifis maravilhosas, que fizeram desses anos algo surpreendente, espetacular e divertido. Elas trouxeram um sentido a todos os meus dias, foram a minha base para eu não cair, foram as minhas lágrimas quando eu precisei chorar e o meu sorriso quando eu precisei sorrir. Elas foram uns anjos, as melhores amigas que alguém poderia ter. E tenho certeza que será sempre assim. Nós sete, coladinhas e sempre rindo, sempre pagando mico, sempre juntas. Elas me mostraram um lado maravilhoso da vida e eu fui muito mais feliz depois de ter me aproximado delas. Todos os dias ao lado delas, apesar das implicâncias, ironias, bullying etc, foram os melhores dias do mundo. Eu sentirei uma falta imensa de aturá-las seis dias por semana. (Não me abandonem nunca, tá?)


Isso foi meu ano. Mas, na verdade, não representa nem metade do que realmente significou para mim. Eu mudei muito, minha relação com as pessoas mudou. Eu ouvi esse ano “você é muito simpática” e nunca pensei que estaria viva para ouvir isso. Também ouvi que “você tem que pensar com o coração, e não com a razão” e nunca pensei que estaria viva para ouvir isso. Ao final do ano, eu deixei um pouco as minhas paixões e o meu coração acelerado de lado e resolvi me dedicar à minha felicidade e às pessoas a minha volta que me são tão queridas.
Terminarei o ano cantando e dançando e passando o Reveillon com as integrantes do meu lindo trio. Quer melhor final do que esse?

Eu acho difícil que um ano tão lindo, tão cheio de emoções, de sentimentos, de brigas, de falhas, de enganos, de tristezas, de carinho, de amor, de afeto, de fraternidade, de escrita, de leitura, de estudo, de compaixão, de paixão e, principalmente, de surpresas seja superado por qualquer outro. Porém sempre existem mais surpresas. E eu mal posso esperar por elas!

Um 2013 abençoado e com muita arte para todos. Qualquer tipo de arte.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O(s) monstro(s)

O céu estava escuro
E as estrelas reluzentes.
Dentro de mim, um muro
Que não me deixava ver toda beleza.

Através da janela,
Um monstro me olhava.
No reflexo dela,
O monstro era eu.

Por sua feiura
Escapava toda loucura
Que escondi dentro de mim.

Os monstros eram meus medos
Que me acordavam logo cedo
E me faziam dormir tarde assim.

Todos os dias, após uma hora,
Eles gritavam face a face comigo
Que o tempo das máscaras acabava agora.
E eles nunca tinham fim.

O medo de amar, o medo do amor,
O medo da solidão e do desespero,
O medo da dor,
E o medo de que tudo se repetisse.

Eles me rondavam, me escolhiam.
No espelho, eram eles que eu via.
E, na vida, se escondiam.

Mascarados e sempre assustadores,
Criavam em mim angústias sem igual.
Acima de todos os temores,
Corroíam-me sempre que abria a guarda.

Através de janela,
Monstros me olhavam.
No reflexo dela,
O único monstro era eu.


(Talvez seja uma resposta ao "Medos", talvez não.)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Palavras, apenas palavras

E eis que as palavras passam pelos meus ouvidos e chegam ao meu coração de forma diferente. As tais barreiras geográficas me remetem às minhas próprias barreiras, físicas e comportamentais.
Meu interior não se cansa de palavras e meu corpo até mesmo clama por elas. Elas não vêm, simplesmente jorram. Enlevam-me e embalam-me pelo conhecido e também desconhecido. Elas parecem fazer parte do meu ser e correr por veias e artérias assim como o sangue, oxigenando meu corpo; têm, para mim, um sentido incomum: as letras são a minha porta para o paraíso e cada vírgula é uma pausa que leva à reflexão da grandiosidade delas.

Aula de Biologia - Obrigada, Sidney, pelas "barreiras geográficas".

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O fim do ciclo

Colocar as tensões para fora, pôr o nervosismo em uma tela e não apenas guardá-lo dentro de mim. Depositar as ondas de sentimentos que me invadem agora. Por entre história, biologia, física, química e geografia, aqui estou eu novamente: nas Letras, de onde nunca saí. Ainda bem, porque senão suportar seria muito mais difícil.
É o último ano - e, meu Deus, já?! Já. Ouvi tantas frases repetidas esse ano, tantas palavras iguais. Não posso dizer que me cansei, porque queria que isso durasse para sempre. Não isso, vestibular. Mas isso, vida escolar. Porque de estudos, livros e vestibular, já estou saturada. Desde o primeiro ano ouvindo essa palavra e pensando que era uma realidade muito distante.
Distante ou não naquela época, ela está aqui hoje. E faz questão de me lembrar a cada dia. Vestibular, vestibular, vestibular. O seu futuro. Sim, o meu futuro nas mãos de uma única prova. Incrivelmente, isso não me assusta. Não estou com medo. Estou confiante e talvez isso seja apenas uma máscara, mas que seja! Se conseguir disfarçar a ansiedade, já está bom demais.
E não vale a pena pensar que o Brasil inteiro está junto comigo nessa... São várias histórias diferentes, realidades diferentes, classes diferentes e personalidades diferentes que se juntam em diversas salas espalhadas pelo Brasil, na mesma hora, no mesmo dia, para realizar a mesma prova. E qual o objetivo disso tudo, afinal? Empregos, vida confortável... O quê?! Eu não sei. Mas estamos todos encaixados nisso de uma forma que escapar não parece possível. E, bem lá no fundo, não queremos escapar.
São quatro horas e meia em um sábado e cinco horas e meia no domingo. Cento e oitenta questões que vão medir o quanto sua vida escolar inteira te deu de conhecimento. Ou não. Múltiplas escolhas não medem conhecimento. "É uma prova de resistência", como ouvi essa frase! É, de fato, uma prova de resistência e talvez o maior desafio seja ficar sentado na cadeira desconfortável sem poder falar - o que, para mim, é uma enorme dificuldade - por horas e horas. Pelo menos podemos comer... É.
Fato é que essa nova etapa da vida ou fechamento do ciclo, como eu gosto de dizer, exige muita coragem. Existem pessoas que estão preparadas e outras não. E cada um tem seu tempo. De qualquer forma, é realmente muita responsabilidade para um adolescente decidir que carreira quer seguir no auge dos momentos de diversão. Mas é assim. E por que é assim? Não sei.
O que eu espero é que cada segundo valha a pena no final. E não para poder dizer "Caramba, como sou inteligente", mas para poder ter certeza de que fechei o ciclo com maestria. Não pela bagagem de fórmulas e coisas decoradas que meu cérebro acumulou, mas pela vivência e pelo caráter que todos esses anos me deram; pela quantidade de sorrisos que dei, mesmo em momentos de desespero e pelo apoio que tive, de todos os meus amigos, durante esses anos.
O Exame Nacional do Ensino Médio não é um bicho de sete cabeças. É apenas o começo de um novo mundo, que se abre pelo SISU e perpetua qualquer universidade que possamos escolher.
Tenho certeza que deixarei a escola, mas ela não sairá de mim jamais.

(E boa tarde, UFRJ. Me aguarde, pois estou chegando!)

domingo, 28 de outubro de 2012

Girassóis brilhantes















Silêncio.
Há um novo caminho à sua frente.
A linha do horizonte se moldou aos seus olhos
para que você pudesse novamente se guiar.

Silêncio.
Escute o canto dos pássaros,
as cigarras que brincam
anunciando o Sol que logo vem.

Silêncio.
Abra os olhos!
Há um campo florido bem ali.
Ali mesmo, dentro e fora de você.
Margaridas, begônias, violetas,
rosas vermelhas e rosas.
E girassóis.

Um Sol amarelo que cumprimenta os girassóis
e os acaricia num gesto digno de encantamento.
Os girassóis, em agradecimento, se viram
e vão se virando conforme o Sol vai andando.

Eles brilham tanto quanto o Sol
tão amarelos quanto a música
da Cidade Negra revela.
E seguindo o sol, buscando-o,
querendo-o
vão pintando em sua janela
a paisagem mais bonita.

Ela te sussurra:
- Há uma saída.
Experimente a janela.

Através dela o céu tão azul,
azul como você nunca viu.
Azul-céu, azul anil,
que vai se modificando conforme o Sol
vai se pondo.

Um azul
que nunca foi possível se ver
nos olhos de ninguém.
Aquele azul é seu.
E dos girassóis.

Os girassóis capturam o azul,
o amarelo, todas as cores em volta.
E te sussurram:
- Você se encontrou.

Mas há - sempre haverá!
pedras no caminho,
como disse, um dia, Drummond.
E entre as pedras, há de nascer
quem sabe uma única vez
uma flor.

Que tal um girassol?


(Especialmente pro Math, pela paixão por girassóis e pelo poema lindo que me inspirou.)