domingo, 27 de junho de 2010

Aonde quer que eu vá...

Ela chegou um pouco atordoada ao show - aqueles gritos a ensurdeciam um pouco. Virava a cabeça para todos os lados, evidentemente procurando alguém.
- Quem você quer encontrar? - perguntou sua amiga, interrompendo-a de sua busca.
- Ninguém... Estou só curtindo a música...
A amiga fez uma careta, não acreditando muito na desculpa, porém calou-se. As duas ficaram cantando a música e, mesmo assim, nada conseguia tirar a atenção de seu foco.
De repente, alguém tampou seus olhos, sussurrando em seu ouvido:
- Adivinha quem é? - a voz rouca entregou-o.
Ela sorriu imediatamente.
- Oi - disse - Você veio!
E seus olhos, que brilhavam com um certo exagero, denunciavam tudo aquilo que ela gostaria de dizer.
Nesse momento, sua amiga já estava longe; era muito perceptiva para saber que ali havia um casal.
- Vem comigo? - ele puxou-a pela mão e ela, não podendo recusar, foi.
Os Arcos da Lapa estavam excepcionalmente lindos e brilhantes naquela noite. E brancos também. Haviam limpado só para eles?
Parou de pensar, pois percebeu que ele a encarava um pouco apreensivo, mais ainda assim, nada deixava seus lindos olhos verdes serem ofuscados. Seus olhos diziam muita coisa, talvez fosse uma das coisas nele que ela mais gostava: seu olhar era surpreendente e sempre a pegava desprevenida.
- O que foi? - questionou-o, já constrangida.
Subitamente, ele abriu a grande capa que estava ao seu lado - só agora ela tinha reparado que ele trazia algo consigo - e sorriu. Um violão grande e muito bonito se encontrava em suas mãos e a capa já havia sido deixada no chão. Ele começou a dedilhar o violão, iniciando uma música que ela conhecia muito bem.
"Olhos fechados pra te encontrar. Não estou ao seu lado, mas posso sonhar. Aonde quer que eu vá, levo você no olhar. Aonde quer que eu vá, aonde quer que eu vá... Não sei bem certo, se é só ilusão...", cantou, afinado, e algumas pessoas já faziam uma roda para ouví-lo. "...se é você já perto, se é intuição. Aonde quer que eu vá, levo você", apontou para ela, "no olhar. Aonde quer que eu vá, aonde quer que eu vá... Longe daqui, longe de tudo, meus sonhos vão te buscar. Volta pra mim, vem pro meu mundo, eu sempre vou te esperar."
Ao final, as pessoas o aplaudiram e até pediram bis. Ela não sabia se ria, se chorava de emoção; o coração dela pulsava de tal forma que parecia que ela iria explodir de felicidade.
A lua cheia iluminava aquele "palco" tão maravilhoso onde os dois estavam. Ele tentava desvencilhar-se da pequena multidão que ali se formou. Conseguiu chegar perto dela e disse, olhando em seus olhos:
- Foi tudo por você.
- Você é louco! - riu, entusiasmada.
- Sou mesmo... e é por você.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Obituário do Amor

"Não se sabe ao certo quanto tempo faz. Mas existe algum tempo que nos despedimos de um amigo muito importante para a vida em sociedade: o Amor.
Ele será lembrado por ter gerado filhos como o Respeito, a Amizade, a Solidariedade e mais milhões de irmãos que surgiram através dele. Será lembrado pela vasta árvore genealógica de bondade que ele criou. Mas, esses diversos parentes, também sofrem uma morte interna pela perda desse ente querido.
O Amor começou a adoecer quando as pessoas resolveram dar mais valor às coisas individuais, interesses pessoais, do que a ele.
E esse Amor teve vários filhos que acabaram suicidando-se por conta de sua morte. O Amor Próprio, por exemplo, foi aos poucos se perdendo por causa das pessoas que se vendem por muito pouco e das pessoas que não lembram de si mesmas e colocam os outros em primeiro lugar. Com isso, o Equilíbrio também se deteriorou.
A sua morte desencadeou outras diversas mortes. Com a falta dele, perdeu-se o Respeito, perdeu-se a Confiança e só os valores menores foram salvos.
Tudo isso ocorreu graças à descrença da humanidade em um amigo tão bom que poderia resolver todos os problemas do mundo. As pessoas começaram a ter falta de fé nos outros e em si mesmos, a acreditar que algo menor poderia ser a causa da felicidade.
A Felicidade morreu também.
Enfim, o senhor Amor, tão nobre e, mesmo doente, tão forte morreu esperando que seu antigo valor retornasse para, pelo menos, morrer com dignidade.
O sepultamento dele foi hoje pela manhã e contou com a presença de mais de mil indivíduos que lamentavam a perda e que esperavam que ele ressuscitasse. Porque, só depois de perdê-lo, as pessoas perceberam que uma vida sem Amor é uma vida sem sentido."
(Aula de Português - Redação: Obituário)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Seria loucura?

Era um dia de muito calor e, por não aguentar ficar em casa, ela resolveu dar uma volta na praia, mergulhando algumas vezes para se refrescar. Foi sozinha, pois precisava colocar seus pensamentos em ordem e esquecer de tudo que a atormentava naquele momento.
Cambaleava pela areia e ria sozinha pela sua estratégia, que estava fazendo efeito: ela esquecera tudo de ruim que sua mente cismava em lembrar. Esqueceu passado e futuro. Viveu só o presente.
De repente, decidiu correr e seus cabelos se moviam conforme o vento guiava-os. A sua frente, havia uma pessoa, que ela não viu e, muito menos, reconheceu. No momento mais feliz de sua corrida, os dois chocaram-se e caíram na areia. Olharam-se.
Ela não sabia quem ele era e, mesmo assim, seu rosto lhe parecia familiar. Ele a olhava de um jeito que a fazia suspirar e, com isso, ela descobriu que não ofegava pela corrida e sim, por ele. Imaginou então porque ele não estava gritando com ela, já que ela o derrubara tão bruscamente na areia por mera falta de atenção. Não conseguiu achar uma resposta, os olhos dele tentavam decifrá-la e isso a incomodaria em qualquer outra situação, mas não ali.
"Eu o conheço", pensou, "Eu o conheço dos meus sonhos". E, como se tivesse lido seus pensamentos, ele sorriu, mas não apenas esticou os lábios, ele sorriu por inteiro. Seus olhos verdes sorriam também e ela não pôde evitar uma gargalhada. Ele a acompanhou.
Eles ainda estavam deitados na areia, porém isso não importava. Já era um fato constatado que eles estavam ali um para o outro e, mesmo não sabendo, ele estava curando todas as feridas dela que precisavam ser curadas. Seria loucura se apaixonar por alguém que nem se conhece? Para eles, não. Eles não precisavam dizer nada, porque só o modo como estavam - já abraçados na areia da praia - dizia tudo.
Como por impulso, ele chegou perto dela e deu-lhe um beijo rápido. "Desculpe", pediu. Ela, porém, repreendeu-lhe "Não precisa se desculpar, você tem a minha permissão". Então, ele colocou suas mãos no pescoço dela e chegou perto devagar, juntando seus lábios em um beijo longo, lindo, apaixonado. As borboletas no estômago saltavam a todo vapor e, como se não bastasse, o coração denunciava o amor que ali começava. Eles haviam sido feitos para se completarem.
Ele olhou-a no fundo de seus olhos castanhos e sussurrou "Eu te amo!", a resposta dela foi imediata e foi algo que selaria, a partir dali, um futuro, um futuro completo, um futuro a dois: "Eu também te amo."

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ê Brasil!

Clima de Copa do Mundo, ? E faz tanto tempo que eu não escrevo... Mas tudo bem, não falarei sobre minha falta de inspiração agora.
Eu estava com saudades de postar e aproveitando o dia de hoje, decidi fazê-lo.
Algumas horas antes do jogo, o nervosismo me dominava por inteiro. Eu pintei as unhas, coloquei minha nova blusa do Brasil e fiquei apreensiva esperando o jogo começar. Durante o jogo, me decepcionei um pouco. Ao final do primeiro tempo, 0x0, eu não estava tão animada assim. Queria muito ver o meu Brasil jogar do jeito que joga normalmente. Aquele não era o Brasil que eu queria na Copa. E acho que, na visão de muitos brasileiros - ou pelo menos dos que estavam comigo -, aquela, definitivamente, não era a nossa amada Seleção Brasileira. Quando começou o segundo tempo, eu não prestei muita atenção, mas logo aos nove minutos, se não me engano, houve uma falta na entrada da área e acho que isso foi uma esperança para os milhares de brasileiros que estavam assistindo ao jogo. Mas a bola foi para fora... ou o goleiro defendeu, não me lembro bem. Só sei que nessa hora meu coração já batia sufocado e acelerado pois eu precisava ver um gol.
E depois de um bom tempo... o gol finalmente saiu! E pude ouvir, na rua, o som das vuvuzelas, cornetas e afins, pude ver as bandeiras balançando e a agitação de todos me contagiou. Me animei de novo. Mais um gol. Mais animação e, definitivamente, uma esperança de goleada, como todos esperavam. (...) Gol da Coreia. Pois é... final de jogo. Confesso aqui que me decepcionei. Óbvio que fiquei feliz e gritei muito com a vitória, mas todos esperavam muito mais desse jogo. E eu pude perceber a decepção no rosto das pessoas nas ruas. As milhares de camisas verdes e amarelas não brilhavam tanto assim. E por mais que ainda houvesse um sorriso, o sorriso poderia ter sido mais largo e os olhos das pessoas demonstravam tudo isso.
Contudo, o meu patriotismo fanático falou mais alto, e eu fui obrigada a ficar extremamente feliz pela vitória apertada. Afinal de contas, o meu Brasil ganhou seu primeiro jogo na Copa. E que venham muitas outras vitórias para nós.
Boa sorte, Brasil! A busca ao hexa começa agora.